Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

sábado, janeiro 28, 2006


Daqui

Como quem já não quer mais voltar.
Como se tivesse me cegado, absolutamente.
Leva o meu vazio e me leva, leva?
Como uma folha arranhada de tanto esperar um sopro, de tanto esperar, uma luz, de tanto esperar.
Leva o surdo implacável dessa minha vaia, leva?
Como se tivesse me secado, humanamente.
Como quem perdeu e já não se sabe orientar.
Leva a minha ausência, a falta de compreensão e me leva.
A minha carência e mala que insisto carregar.
Como quem se esqueceu e gozou umas horas de vida.
Como se vivesse em você a gratuidade de todo sentimento e a gargalhada escondida.
Leva a minha idade, leva?
Como uma terra seca, revolvida, que insiste em não fecundar.
Leva a crueldade da vida.
A ganância de homem
A cicatriz da ferida
As fomes que os comem
E a ânsia incontida. Leva?
Leva o meu espaço e o todo. Leva?
Leva meu amaro e o soco. Leva?
Leva como quem já não quer orientar.
Ou leva como quem já não pode voltar.