Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quinta-feira, dezembro 15, 2005


Por enquanto

Vem sumindo. Vem fraquejando. Se apagando.
Como uma vela de hora, soprando, tentando.
Vem morrendo em mim uma história de rascunhos. Uma história de palavras, frases, versos, tempos, rimas e ritmos. Mesmo que em sussurro, suspiro e silêncio. Sonho, sentimento ou solidão. Vem morrendo como quem completa os noventa, como quem se deita numa velhice decorada a chochê e perfumada do guardado. Vem sumindo entre bisnetos e um caixão comprado.
Porque eu já não escrevo no fluxo ofensivo que tentava. Esqueça aquelas histórias das idéias prontas, da madrugada nociva das rimas pautadas. Todas elas me insistiram por tempo demais e, creio eu, me abandonaram.
É a engrenagem dessa vida cedendo espaço ao tempo sufocado, menino.
Dentre todas as vezes que pensei morrer, suspender e sufocar, surpreendi. E revivi. Entre "jaz aqui alguém que escrevia", sempre coube alguém que soletrava, alguém que pontuava e quem acrescentava, "e agora insiste". Eu insistia.
"Eu não ia te escrever nada. Não, porque a idéia de uma carta de despedida fazia o meu peito arder numa freqüência tão insuportável que a única coisa que caberia, no meio de tantas linhas surradas, era um balde e uma caixa de lenço. Então, eu me enganei e pensei que uma carta de amor, ainda dava". Deve dar.
Porque dizem que dura pouco. Porque o que é demais enjoa e que se peca pelo excesso.
Dizem que três é demais e são três os anos que tento escrever alguma coisa por aqui, e por aí vai.
Eu vou ali. Quando alguma das boas que me visitavam, arriscar um "feliz natal", eu prometo encaminhá-lo a quem ainda souber me ouvir.
E que a eternidade me engula para que a durabilidade do meu prazer não seja oferecida aos encantos de um por enquanto.