quarta-feira, dezembro 28, 2005
Carta ensaiada
É como morar entre as extremidades perfeitas da Linha do Equador. Como viver num só dia, as quatro estações do ano. É como chorar um pranto miúdo, doído e calado numa gargalhada suculenta e relaxada. É não saber o que sentir e ter a senção da sinestesia corrompendo seus princípios. A maior de todas as instabilidades, honey. Uma angústia, uma música decorada e a esperança da tua procura. A repulsa a todo o meu sorriso fácil e a vontade de lhe entregar um "você venceu". Se era para eu perder. Esperar. Reprimir e rezar. Se era para eu beber. Almejar. Planejar e esconder. Se era para rascunhar, imprimir e rasgar. Tá aí, guri. Você venceu. Se era vingança, vingado está e sim, a corda arrebentou do meu lado desta vez. Desta única vez. Se éramos feitos de tabuleiro, dado, dardo e objetivos. Ok. Eu desisto. Eu abro mão de todo teu beijo. Deleto todo o teu tamanho e o tanto que coube nele. Eu perdi. Esquece o meu telefone que tanto lhe escondi. Esquece o meu endereço recalcado e procurado. Esquece o meu nome e toda a parte em que a minha vida beirou a sua. Esquece todas as vezes que se cruzaram. Saí de ti com carta e classe. Sem sumiço e sem lhe causar essa sensação tristonha e fria de abandono. Sem promessas, sem súplicas e sem sonhos a longo prazo. Eu vou embora. Que a tua ausência seja justificada e aceita por quem lhe queira como eu não tive tempo de querer. Saí de cena, ator, brilha desta vez sozinho.
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