Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006


É tanto você

Mas que no final das contas eu seja ao menos uma araucária e mantenha os braços dispostos para cima.
Seja, contudo, agradecido por cada minuto que me ofereceram você.
Só assim me darei por satisfeito. Do dia que meus olhos duvidaram da própria capacidade de se manterem fixos, secos e absolutamente indiscretos, até aqui. Até aqui.
Se a partir de agora eu souber da vida e de tudo que ela pôde me distribuir, eu sou satisfeito.
Se eu souber da sua fuga e de todos os seus deslizes.
Se eu souber das suas iras e de qualquer deleite.
Se eu souber seus impulsos e aprender das suas inconseqüências.
E só assim eu seria satisfeito.
Ainda que me sobrem eu e você em memória.
Ainda que eu sinta já fraco o perfume da sua pele.
E me esqueça das vezes repetidas em que me beijou e me segurou firme num abraço como se este fosse o jeito único de me fazer acreditar no amor e em nós dois.
Ainda que me mascarem o desespero de um abandono e me deixem impregnado o suor de tanta disposição.
Que eu permaneça enraizado em minhas próprias ambições.
Confuso de tanta saudade e cego de tanta indecisão.
Que a vida me leiloe por todos os meus pecados e por tantos contornos e retornos a você.
Mas que no final das contas, depois de todos os adeus, que eu seja ao menos uma araucária e mantenha os braços dispostos para cima.