terça-feira, setembro 07, 2004
De repente, não mais que de repente.
Eu que achava que dificilmente falaria disso cá, numa casa-fantasia de quase total felicidade.
Bem na verdade, tudo é porque acredito na vida quando ela se mostra por um fio ou ausente. Toda eu.
E é tudo tão engraçado e quase tão triste.
É como se vivessemos sempre no limite. É como se alguém vivesse cronometrando nossos suspiros até um belo momento em que nos fala "that's all folk!". E tudo acaba, tudo passa à história, de vivência à experiência e de bicho à memória. Roubam nos do jogo quando parte dele foi ganha e você comemora o sucesso ou quando esporadicamente você já tem uma teia considerável de amados.
"E gozou.
Milhares deles se espalharam e um só conseguiu entrar na casinha tão sangrenta e almejada. E ficou lá.
Perdeu-se o flagelo, desenvolveu-se a cabeça. Tronco, galhos e recheio.
Sexo"
E a sequência vive você. Tão simples. Tão mecânico e exato.
Naturalmente vêm os destinos trazendo pessoas e cruzando caminhos sem buscar motivos e sumindo sem explicar o porquê.
O problema só aparece quando as suas queridas são arrancadas do caminho comum que percorriam sem terem tempo de arrumar as malas para a partida.
E é aí, exatamente nessa hora que se pára para assistir ao filme das horas repartidas e dos momentos convidos.
É gratuitamente na hora em que você a vê tomando a contra-mão e a acompanha com os olhos até se tornar pequenina, caminhando sem cessar até desaparecer. É nessa hora, meu guri, que certamente você deixa escapar, por um tempinho egoísta e seu, uma revolta de como é que o pai de todos deixou seus filhotes de lado.
Uns dizem que viram anjinhos, outros dizem que viram pó, eu prefiro crer que passam a ser deuses, de mastro e manto, de coroa e coração, e ainda, que quanto mais cedo vão, mais dignos são.
Eu duvidava que encontros inusitados com a tristeza e o desespero jamais caminhariam juntos com a desconformidade no meu mundinho calejado de sorriso e problemas singulares meus.
Eu duvidava que os meus amigos corressem os mesmos riscos que os seus amigos. Que os meus próximos sofressem como os seus próximos e que as lágrimas minhas fossem tão salgadas e merecidas como as suas. Duvidava que meu coração fosse capaz de doer tanto. Duvidava que meu sonho pudesse ser visitado.
Eu perdi um amigo. Um amigo que durante a vida interiorana me arrancou raiva e gargalhada de coisas tão simples. Um amigo que era chamado de irmão pelo meu irmão,
hoje veste azul de tom dos olhos e carrega uma coroa nos cabelos amarelos cravejada de esperança.
Saudades, paulistano, saudades crescentes de você e da sua risada à toa. Que teu mundo aí em cima seja motivado pelos nossos acertos doentes de você e preenchidos de crença de uma dia reencontrá-lo.
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