Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quarta-feira, agosto 04, 2004


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Ah se soubesse como aquilo me doeu.
Se imaginasse quantas vezes por dia alguém balbucia ou escreve em lousas a intesidade do meu cansaço.
Sabe que toda a vez que olho pra mim mesma, que vejo essa minha vontade ilusória de ser algo que vez e outra acredito não poder, toda a vez que sento numa mesinha com uma pilha de contratempos do lado a me corroer o espírito caso não consiga vencê-los, dói.
No dia que pouco mais fraca, meu olhos chegam a lacrimejar e se a quantidade a sair deles é incontrolada, me tranco cá e lá para ninguém me lembrar que eu sou fraquinha ou sair berrando aos quatro cantos que eu choro quando pouco entendo da vida.
Ah se soubesse como aquilo me doeu.
Se soubesse que a minha garra é grande, quase tão grande quanto a minha cobrança, você dia ou dia poderia entender.
E deve parecer tão pequenino a você, meu guri.
E essa minha armadura pesa tanto.
Não escrevo para esvaziar alguma coisa tão cheia ou limpar uma alma pouco suja, como dizem. Longe disso.
Não escrevo para obter respostas. Não vivo esperando os porquês porque se assim fosse Deus nada quereria.
Não escrevo para os outros e não espero dedução.
Na verdade, gostaria que não me falasse.
E a culpa é toda minha, sabe.
Porque sou eu que não me permito não ser o que gostaria de ser,
sou eu que quero ser inteligente quando já não posso,
quero ser mais do meu velho, quando não consigo,
quero ser por todo o dia, melhor e melhor e tão melhor, que de mim, quase tenho repugnância.
Dia ou outro eu venço a maré, ganho meu sonho, e curo minhas feridas.
Só perdoa a minha impaciência e a minha memória quando me esqueço de ser gentil,
perdoa a minha incoerência e esse meu egoísmo de trazer o mundo ao meu, meu pequino e solitário, umbigo.
Três vivas ao seu umbigo.