Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

sábado, julho 10, 2004

Velhas

Adão era homem e Eva mulher, moço?
Era ele acompanhado de sexo externo e ela de mama?
Era ela bem formada e de medidas apetitosas, mulher?
E ele, era o protótipo de bom pai e amante?
Segundo ela, eram um casal branco, saudável e sem apetite sexual.
Segundo ele, eram personagens castos e angelicais de um conto sem fim.
Segundo aquela eles não existiram.
Segundo esse, a Bíblia explica.
Segundo a Bíblia, Deus sabe.
Faz de conta.
Engraçada para não ser irônica toda essa conversa de conceito. Irradiante e curiosa é a atitude dessa sua mídia intrigante, curiosa e ignorante. E triste para não ser revoltante, é a posição dessas pessoinhas que calam e consentem, reprimem ou condenam.
Já vista a novela da mulher parteira, da mulher potranca, da mulher virgem e da mulher moderna. Já vista o "dar" e o "fazer amor". Já piada o anticoncepcional e o aborto. Já antítese o pecado e o carnal. O gostoso e o proibido. O calafrio e o tesão.
Já lida a crônica da maconha e a fábula da anfetamina.
Já demodê o ateísmo e a crença, o modernismo e o antiquado.
Vem cá. Senta aí na primeira fila de pipoca e sarcasmo para ver a sessão de estréia do vale à pena ver outra e outra vez.
O negro vai saindo de fininho, com suas cotas saturadas e com seus preconceitos calados. Sai do horário nobre e vai parar nos discursos protestantes que ainda não fazem
"pim plim".
Ele cede espaço ao mais colorido dos motes poéticos, ao mais igualitário movimento de igualdade e ao mais clichê de todos os jargões: Gay casa e vira consevador ou fica fora para ser contemporâneo?
Se sim ou se não, darling, você pouco sabe. Quem reponde por ti, ainda hoje são os das primeiras filas, os de pipoca e de sarcasmo.
E tudo é mais ou menos assim: se esses tiverem resposta, o teu apelo recebe concessão, se tudo estiver dentro de algum lucro, babe, comemora teu sim. No contrário, converte-te a qualquer religião e fala, como esses mesmos, que a Deus tudo cabe.
Como lido, uma vez algum grego beijava outro de mesmo sexo. Uma outra antiga apreciava as mamas de uma muito semelhante. E essa vez era quase tão próxima e longíqua àquela em que chamaram o "sapiens e sapiens" de ser humano.
[Então surda e calada, deixa eu cochichar ao pé do teu ouvido que és fruto de uma cultura fruta. E que teu hábito e teu prazer pouco distancia da furta cor]
Um Aristófanes velho, bem velho, contava que o bicho homem era subdividido em super-macho, super-fêmea e meio-a-meio, e em alguma hora da mesma mitologia foram divididos ao meio para eternamente procurarem pelas suas partes.
[Procuras pela metade masculina ou pela feminina, senhor? ]
Com mesmo teor fantástico e incoerente, vem a criadora do casal-mor. Deles, e de seus pecados originaram os que pagariam por suas falhas -nós.
E assim vêm os teus ancestrais. Crentes ou não da religião, construíram tudo em que crês da mesma maneira que aprenderam e foram ensinados a ensinar.
Circularmente discutes tu o que um dia fora posto em pauta da maneira que acreditas ser nova ou ingenuamente revolucionadora, porque simplesmente mostrou-se mascarada, e há de ensinar o que aprenderas para que um dia teu filhote ria do humor fundamentado e discuta os mesmos conceitos bestas que rondam nosso niilismo.
E seremos todos sem sexo. Sem sexo, sem dinheiro, sem religião, sem raça, sem cultura, sem nação, sem dúvidas.
E sem dúvidas pouco a pouco terás eliminado tudo o que hoje te mostra conflitante.
Inclusive a tua identidade.