Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

sexta-feira, agosto 13, 2004


Black Power

Eu achei até que tinha pegado pesado quando disse que em pleno século XXI na cidade-Estado do país, criou-se um novo conceito de Tribunal da Santa Inquisição, na redação da Unesp passada, a respeito das cotas para os negros nas Universidades.
Mas pelo visto não. Pelo visto o homem e o moço e a moça concordaram, pelo menos em alguma coisa, com a minha escrita quase tão crítica que diria ter contorno grosseiro.
Com toda a minha famosa agulha na mão e com toda a minha língua bifurcada, minha nota foi bem bacana, moço. Bem bacana.
Mas isso não vem ao caso.
Deixa-me retomar o assunto dos coloridos.
Saiu hoje, às 15h30, na BBC Brasil, uma manchete garrafal:
Estudo inédito mostra dimensão da desigualdade racial no Brasil
Deixemos de lado o estudo inédito, para não cometer o erro pleonástico de dizer que a nossa Imprensa vez e outra mostra-se desfavorecida intelectualmente.
Ponto só na hipocrisia dos coloridos.
Os argumentos são sempre os mesmos: negro tem média mais baixa de espectativa de vida que os brancos, negro estuda muito menos, negro é quase sempre pobre, negro não está na mídia, negro... blá blá blá...
Nada disso é mentira.
Somos um país praticamente negro, e praticamente pobre.
Somos um país de cópia e não de criação, então não me fala, moço, que não temos negros estampados cá e lá, porque blá blá blá...mais tudo aquilo que a mídia questiona e nada faz.
A verdade é que a sociedade não é preparada para achar bonito o que se vê aqui, mas sim o que se vê entre os bushits e os europeus...
E me fala, guri, o que há de errado em uma pessoa de baixa renda, estudar em escola pública e por isso, pela incapacidade governamental, ter um conhecimento inferior aos de rede particular? E qual é a relação lógica desse fato à cor do indivíduo?
Porque insistem na história besta de que o negro merece alguma coisa mais, porque tem menos condições de estudar? E o branco pobre? E o negro rico?
Não me fale de maioria e minoria. Não me fale de porcentagens.
Um em mil continua sendo um. Continua sendo um hipócrita, um desleixado, um sofredor, ou um coitado que depende do governo ou que acredita piamente que a esperança sempre vence o medo.