Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

sábado, setembro 30, 2006


E depois do Chico

Novembro de 1942. O samba não sabe, mas terá, depois desta data, a genialidade de um carioca criado em cordas soprando acordes e rimas ao que decifrar um pandeiro.
Filho de violinista integrante da primeira formação do lendário grupo de choro Época de Ouro, o guri logo foi ambientado a embalos de Pixinguinha e Jacob do Bandolim.
Da amizade com Hermínio Bello é que surgem as primeiras parcerias e as primeiras apresentações, no restaurante Zicartola (Esse mesmo. O restaurante do Cartola e da sua esposa Zica).
Inclusive o primeiro pagamento que recebera foi das mãos do próprio Cartola que ao vê-lo cantar gratuitamente, ofereceu-lhe o dinheiro da passagem.
Incentivado por Zé Ketti, Paulinho compôs mais na esperança de mostrar seus sambas a alguns intérpretes.
Aos poucos ele, Oscar Bigode, o mesmo Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Elton Madeiros e Jarí do Cavaquinho foram juntando composições e as registram numa gravadora. Por sugestão do diretor musical da casa formam A voz do Morro e gravam os sambas órfãos de outras vozes.
Durante a gravação do disco, um funcionário pergunta a cada um o seu nome e na vez de Paulinho obtém como resposta “Paulo César”. Insatisfeito, diz a Paulinho que isso não é nome de sambista.
Zé Ketti ouvindo o problema, o leva para Sérgio Cabral e este narra o fato como nota de um jornal dando assim, a solução.
1965 nasce Paulinho da Viola.
Numa imensidão quase estúpida se não fosse sua suave timidez ele sabe como ninguém hipnotizar qualquer coração.
Sabe dosar e com um sussurro faz vibrar um todo teatro em alguns poucos minutos de show.
Ele, a viola, os camaradas e para completar, no piano Cristóvão Bastos. Ouvido puro e mente apurada. Quem ditou alguns graves e tanto arranjo foi ele sim, o parceiro do Chico em Todo Sentimento.Deve ter no peito alguns acordes e nos olhos todas as pautas. Dedos calejados de Nana Caymmi, Edu Lobo, Gal,
Abel Silva, Aldir Blanc, Elton Medeiros, Paulo César Pinheiro e seu xará. O da Viola.
Indescritível e memorável.
O meu eterno agradecimento a estas cabecinhas que me arremessam orgulho quando me deixam lembrar que sim, algumas divindades são brasileiras.





Alguns dados foram devidamente copiados daqui. Agradecimentos e recomendações à esta biblioteca.