Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quarta-feira, setembro 20, 2006


Das três horas

E é bem assim.
O arrepio e o frio na barriga que não passa. Que não esquenta nem congela.
O frio de vertigem e ansiedade.
É uma vontade de chorar por três dias, como se isso fosse a única maneira de me esvaziar.
Quero um abraço e o direito de carência.
Quero o você pra me amar e me amar e me amar.
Quero o direito de ser triste sem que isso me pese mais que a própria consciência.
Quero a cara na janela e não mais o embaixo da cama.
O embaixo das coisas.
Quero o sobressalto e todo impulso que a vida me dá.
Quero não ter medo e que isso me baste pra ser sozinha.
Ou escolher ser sozinha.
E toda essa história de você. E eu sempre sozinha.
E se é você parte da minha vida. E se é você?
Quero coragem e o tanto que me falta da paciência.
E o de sempre...
Já me escorre pelas mãos e eu não sei quando é que se diz “chega”.
É feito sonho bom e a vontade de dormir para continuá-lo. E feito sonho ruim e outra vez a necessidade do embaixo da cama.
Escapa. Derrete e tempo todo some.
Como se com as unhas eu pudesse segurar. Manter. Aprisionar.
E eu tento. E eu cravo e no final das contas só me vejo sangrando mais.
E se soubesse do tanto que me dói, guri.
Se soubesse das vezes em que me escapa as lágrimas ao lembrar das cicatrizes.
Mas ainda assim, feito dia que amanhece, sou eu a mais mutante das criaturas ou a mais cênica das pinturas. E renasço.
E renovo.
E me engano.
Que é outra vida.
Que é outro dia.