Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

terça-feira, setembro 12, 2006


Plasma

Estou consciente que tudo que escrevo sou incapaz de dizer.
Sei que ao escrever entro num mundo cheiroso em que sílabas, palavras feitas e frases montadas dividem espaço com mesma grandeza.
Sei que nenhuma delas pesa diferente. São só palavras e fontes.
Então uso. Simplesmente uso. Uso no sentido de te fazer sentir com o corpo o que esnoba o meu silêncio.
Uso como se fossem a única maneira de expandir a pequenez do meu mundo.
Como se por elas brotassem as cores necessárias à minha pintura de hoje. Nem que à ela só eu dê os porquês. Nem que a você pareçam outros tons.
Quero um círculo e meia-reta. O fundo azul e alguma palavra de luz própria. Feito “estalo”. Estalo incendeia. Estalo derrama o claro.
Quero uma palavra luminosa e assim, mais calor nos meus quadros.
Quero um estalo.
Quero todo o estalo que a vida me ofertar.
Toda a palavra que me faça heroína e me liberte das próprias raízes.
Minhas palavras são a maneira luxuosa de me permitir o calar.
Minhas palavras soltam os arremates da face e sou capaz de gargalhar.
Quero o invento mais fúnebre da gramática e a mais moderna contração. Quero a criação de todas as coisas. Quero o sumo de todo o já. Já. Já, desenhado por minhas vírgulas.
Quero o já que eu posso montar.
Quero contar mil histórias e fingir mil desenhos.
Não quero parar.
Só a realidade me norteia.
Só a realidade me delimita.
Porque eu sei. Na verdade é o que eu mais sei.
Tudo o que escrevo sou incapaz de dizer.