Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quarta-feira, junho 21, 2006


De janela

Eu já não sei mais onde mora tanto receio.
Sou eu sim, uma pessoinha que teme outras novas.
E tenho medo do meu chaveiro e do jeito manso deste porteiro.
Gosto pouco do jardineiro e confesso que ponho o lixo no horário avesso ao do lixeiro.
Moro em dezessete metros quadrados rosados, enfeitados e com duas traves na porta.
Já desgosto do trecho arborizado, perfumado, povoado e iluminado que, diariamente, percorro sozinha. Se não me interfona, honey, entenda, não atendo à campainha.
São três assaltos no meu bloco, uns roubos à casa vizinha, o amor meu alinhavando uma vida, e eu, cá quase sozinha.
São dois os carros arranhados e três os que perderam os vidros. É uma a guria estapeada e tantas as de vida conturbada.
E eu já não sei onde mora tanto receio.
É gente com medo de gente.
Polícia fugindo da polícia que pega o ladrão que pega a polícia que solta o ladrão.
É vida correndo pra vida com medo de vida.
E foge.
E foge.
...E foge.