![]() |
![]() |
||
Porque é aqui que há de nascer |
Bust
Previous PostsSó porque é dia da mulherE outubro... E por último Não ouvi e não vi E rascunho E serpentina em meios Ói nóis aqui Ante É tanto você
Archives
Layout by Luciana C. + Maíra
|
||
quarta-feira, março 08, 2006Essa é minha primeira aparição aqui no Seu Umbigo e resolvi falar de uma coisa especial, que todo mundo sente, todo mundo entende e que todo mundo vela. Mas não vou ainda dizer o que é, primeiro vou lhes apresentar um poeminha do Chico Alvim.
Mas é limpinha. Simples assim. Conciso, direto e brutal. Mas eu lhes pergunto, do que trata esse poema? Sobre o que é essa poesia? É certo que Chico Alvim não esteja falando de uma camisa, nem de uma mesa de jantar: “É mesa de jantar, mas é limpinha” - soa absurdo. E se eu então lhes indagasse: “O que é “limpinha”?” - Ahh, é simples: “É preta mas é limpinha”; “É pobre mas é limpinha”; “É puta mas é limpinha”. Parece não haver outra resposta possível. Entretanto, convenhamos, isso não está dito no poema? Chico Alvim não nos disse nada disso, você leitor é que deduziu por si próprio. Não precisou ir muito longe pra descobrir sobre o que eu falava logo ali no começo: Algo que você tem, que você entende, mas que você vela... o preconceito. Você não precisou ir longe para descobrir onde está o preconceito, ele está dentro de você, dentro de todos nós. Mas vamos olhar um pouco mais para esse poema. De quem será que o poema está falando? Certamente uma mulher (ela não é “limpinho”) E mais, imagino que essa sentença se trate de um elogio uma vez que, APESAR de sua “condição” essa pessoa é “limpinha”, um elogio proferido por alguém “melhor”. Agora lhes pergunto denovo: “Sobre o que fala esse poema?” Sobre machismo e preconceito, sobre cada um de nós que temos esses valores arraigados em nossas mentes, em nossa memória, em nossa linguagem! (Quem nunca disse “mas é limpinha” alguma vez?) E não seria exagero dizer que esse poema é como o dia internacional da mulher, o dia de hoje, essa homenagem à vocês que são mulheres, mas são limpinhas! Não há nada para se comemorar, hoje é um dia de luto e um dia de luta. Toda vez que se comemora o dia de alguma “minoria” é como se esse dia fosse uma concessão, um favor, como se fosse o “mas” do nosso poema presenteado pela “maioria branca e masculina e rica” para todos os pretos, pobres, putas, indios, velhos... Hoje não é um dia para se comemorar... |