Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

terça-feira, março 07, 2006


E outubro...

Eu devo ter jurado não falar mais disso aqui. A última vez em que rabisquei alguma coisa recebi uma semana de e-mails malcriados.
Eu falo de política e venho já me redimindo pela quebra do juramento: eu vou falar.
Este ano é o ano de canonizar todos diabos e desde já calcifico as unhas pra que não possa roê-las.
Se pai, se espírito ou se santo, são três as grandes bocas pelo cargo de presidência, e tenho sobre cada um, uma maneira exclusiva de sentir desesperança.
Perdoa a burguesia, não gosto e é quase sem motivo do senhor José Serra.
Seria inevitável concordar com a grandiosidade da sua passagem no ministério da saúde com duas consagradas vitórias: a redução de 40% nos medicamentos e o programa de combate à Aids tomado pela ONU como o melhor do mundo. No entanto, é absolutamente infeliz a maneira que toma a prefeitura. Escorrem de cada tijolo acrescentado os interesses dos grandes grupos imobiliários em afastar a população de baixa renda residente. E não me venha O Estado de São Paulo dizer que a intenção de transformar a região da Luz em centro novo é algo inocente ou quase bom.
Não gosto. É como quem não conhece e mesmo assim não gosta.
Nada daquele homem me passa credibilidade.
Do Alckmin basta a maneira fascista e ignorante de tratar os menores infratores da FEBEM pra que eu não almeje sequer tua sombra na faixa esverdeada.
Sobra-me o Lula.
Sei que o torneiro mecânico do SENAI tem poucos méritos em formação escolar.
E sei de pedacinho a pedacinho das decepções rasgadas na esfera política.
Gosto da rédea apertada com que manteve o país, embora o tivesse recebido em situação caótica. Gosto da significativa redução do desemprego. Gosto da balança comercial favorável, dos pagamentos da dívida externa e da atrelada ao dólar. Gosto da inflação controlada embora isso tenha relação direta com a devastação acelerada da Amazônia.
Lá fora, tiro o chapéu pela atuação da OMC e por todo o pulso no FBI já que ainda tem aqui uma veiazinha da esquerda por aqui.
Ainda nisso, com relação a essa esquerda, meus camaradas insistem no desapego ao Bolsa Família. Alegam populismo ou má distribuição. Eu não. Eu gosto. Acredito que qualquer ajuda é ajuda e se o programa atende mais da metade da população com renda inferior a cem reais por mês, ele é válido.
Não gosto da política monetária conservadora por carregar toda a herança do FHC mas creio na necessidade de um meio termo. Ou de um banho-maria, se preferir.
O caso é que, assim como você, também eu, não sei em quem votar. Tenho algum arrepio em soletrar a concorrência, uma amargura quase saudosa de ter que justificar os escândalos e um arrependimento parte culposo parte covarde de me obrigar um NULO.
É.