Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

É eu sei.
Eu sei.
A mesma ladainha de sempre.
Eu sei. Sei que não escrevo, sei que não respondo email e sei que não dou as caras nesse tal de Orkut.
Eu sei, babe, eu sei.
Acontece que, tá, você já sabe: vestibulares.
Quando você traça uma meta, se for como eu, a terá tão marcada e tão firme, que o seu maior vício será largado, com o mínimo esforço de quem abre os olhos para acordar.
Mas eu ainda não sei se isso é bom, moço.
Não sei viver de outra maneira, mas não recomendo a minha dureza a ti, meu guri, não mesmo.
Sou daquelas que quer saber até poder perder a humildade consigo mesma. E sempre faço isso.
Sei chorar para você o quanto aguentar ver o meu desespero e a minha agonia pela vitória, mas comigo só posso ser o mais arrogante dos projetos montados pelo velho.
Eu sou rude, sim.
E é mais ou menos assim que me corrói cada resultado desse bicho que também eu temo, o Vestibular.
É cada prova, é cada questão e cada erro meu, que me rouba um pedacinho do meu eu e me remete a buscar, por quaisquer meio que me peçam, onde é que vive a minha certeza.
Mas eu sofro sim. Risonha ou mal humorada para disfarçar, mas eu sofro.
Sofro porque o meu argumento é sempre o de que sou realista e, portanto, afirmo que não sou capaz. E a minha dúvida é se eu aguento ser, até o dia em que me autorize à capacidade.
Porque eu só sou normal.
Porque eu talvez saiba o que você não sabe, mas não saiba muito mais do que você sabe.
Mas eu estudo, sabe. Eu estudo porque a maior ofensa para mim é a ignorância e, assim, a frustração.
É muito simples admitir o erro quando não se sabe por onde ver a solução, o problema é admitir o erro quando já se tem a solução. Aí, meu caro, venhamos e convenhamos: quanta fraqueza.
É como se você juntasse o tempo e o virasse de cabeça para baixo, isso, como se fosse uma ampulheta. Observa-o escorrer até o dia em que começaria a realização do seu primeiro grande sonho.
Agora você entende?
Ah claro, eu também sou impaciente, eu confesso.
Até poderia virar a ampulheta por mais quatro ou cinco vezes, mas a pressa também me sorve.
Talvez um milhão de dores venham depois a me compensar e seria a melhor das curas que até hoje eu consegui.
Seria uma vitória em que, pela primeira vez, me soaria independente. E quiçá isso hoje, signifique o miolo da minha alma.
Para mim.
Não para você, eu sei.
Eu sei.
Eu sei.
A mesma ladainha de sempre.
Eu sei
É eu sei.