quarta-feira, dezembro 08, 2004
Sem Tom
É que já sinto dez anos tão longe.
Nascido em 1927, num bairro carioca, vinha-nos Antonio Carlos Jobim, ou o Tom, se assim quiser.
Dizem que precocemente o guri demonstrou o gosto pela música, uma vez que só dormia embalado pela voz da mãe ou da avó, sendo ele ainda, quem escolhia o repertório.
Por toda a infância esteve com os pés cravados em Ipanema, correndo, nadando, subindo em árvores ou provando resistência nos lagos. Esportivo, nosso gêniozinho.
No entanto, sua vida mudara aos 14 anos, quando na garagem de sua casa se deparou com um piano alugado para que sua irmã Helena, tomasse aulas. Tom se aproximou do instrumento com cautela, pois segundo ele, isso era "coisa para mocinha".
Tempo passou e a afinidade lhe rompera qualquer preconceito ou medo. Passaram pelos ouvidos de incontáveis mestres, as suas melodias e aprendizados, até que por si, decidiu apenas compor.
Além de piano, aprendeu flauta, harmônica de boca e violão, chegando inclusive, a formar um conjunto de gaitistas cuja ribalta era a Praça General Osório, também em Ipanema. Um dos integrantes do conjunto, Newton Mendonça, seria o primeiro grande parceiro de Tom.
Querendo casar e sabendo que não ganharia tão cedo a vida com a música, decidiu prestar vestibular para ser arquiteto, mas como se imagina, não passou do primeiro ano e por bares, emissoras, e outras tantas casas, transpirava o seu dom e jorrava admirações a quem o admirava.
Em 1954 lançou seus primeiros vitoriosos como "Tereza da Praia", um samba-canção composto de parceria com Billy Blanco, e a partir daí, a sorte lhe reservou vaga eterna e o aproximou de iluminados como Vinícius de Moraes, Sinatra e todo o Olímpio.
A vida então lhe mostrava mais sucesso por mais alguns anos até, em 1994, lhe empurrar bexiga a baixo, um tumor maligno que o consumiria pouco a pouco, de pó a acorde, para que de cada nuvenzinha de um céu vazio, fosse ele capaz de fazer de uma mínima polca, um máximo palco.
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