domingo, novembro 21, 2004
Carta ao um
Talvez nem fosse a hora de publicar isso aqui, mas como o carinho pelo blog ainda é vertente, eu não saberia concluir um texto publicável sem deixá-lo empoeirar nesta casa branca e rosa.
O texto é uma carta escrita por um personagem meu e se Deus quiser e a editora colaborar, vocês o verão em páginas bem branquinhas, numa Verdana número doze.
Começa.
Não remeto a carne ao abuso calado de vontade escondida.
Não replico ao coração teoremas puxados de uma vida fodida.
Mato aquilo que me mata pouco e amargamente, e sobrevivo aquela que me sopra manias humanas de sangrar o último do deus que faz do tecido felpudo e fétido que me cobre, a sua moradia. Alma minha, Vida Alma.
Não me permito viver sem ter no peito a tangência da dor sufocando meus sentidos, e não me considero viva se carrego um só motivo de sexo e oração.
Não sei ser gente, se a gente que me pede condena à carne uma fidelidade que não existe. Traio, largo, uso e jogo fora, os dentes, as veias e os músculos, a exceção de um: o coração.
O meu sentimento sim, passa a encarnar a regência una de uma única verdade. E é ele. Sabe dele. É dele o único mandato que por muito irei admitir.
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