Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

domingo, outubro 24, 2004


Eu que não preciso mais dormir

É que mora aqui dentro uma inquietude maior que qualquer segurança.
Uma vontade de inovar e me sentir renovada em cada suspiro reabsorvido e angustiado. Não. Eu não sei viver flor e enraizada.
Eu preciso das sensações e dos objetivos mais que eles a mim. Eu preciso dos planos e não sei abrir os olhos secos de hoje.
E era com você em especial que eu gostava de falar de sonhos.
Era com você que eu gostava de imaginar situações vitoriosas e aconchegantes.
É que com a mesma necessidade que tenho dos textos, vegeta em mim a precisão de ver frutos, quase que diariamente.
O meu sonho não aprende ser amorfo e chega a ser visível de tão denso que se mostra.
Ainda não admiti a fraqueza e a derrota.
Ainda não enguli a aceitação e o conformismo.
Ainda hoje. Ainda hoje eu me prometo ser o que quiser e me permito acreditar que serei.
E nem eu sei onde ficam os meios para chegar ao espaço.
Quando era de pouco menos idade, a esperança era que fosse fase e desespero de perder o tempo. E hoje me caleja o cérebro martelar que preciso ser bem menos assim.
Preciso ser quase que mais conformista conforme confortam meus conhecimentos.
E dói.
Dói como se vivesse num casulo, numa pupa e deixasse amortecer e anestesiar a angustia falante de ser quem voa e não quem vive.
Dói como se eu precisasse me livrar desse esqueleto sem deixar que a carne rasgue e o sangue escorra. Sem deixar chorar os olhos e muito menos perder a essência. Trocar os ossos só para ser maior e não diferente.
Mas devem ser os dezoito anos.
E os dezessete. Ou dezesseis.
Ou quem sabe, deva ser eu, mas um eu que logo se acama, puxa o cobertor de volta, se ajeita e vira do outro lado.
Como se assim fosse sonhar tudo outra vez.