Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

segunda-feira, junho 14, 2004

Nova-mente (parte III)

Dalí saiam as bolsas. Da água saiam as bolsas. Das bolsas saiam as gentes.
Plastificadas. Petrificadas.
Da água saia a vida.
Quando ainda era bom, eram boas. Pelo que lembro, eram tão menos influenciadas e agressivas, que as gentes viviam num só lugar, de uma só maneira. Eram tão parecidas que alguns acreditavam que eram irmãos, e por isso deram um nome à essa família... Parece-me que é o mesmo que o seu, humano.
Existiam apenas quando surgia uma espécie de movimento no riozinho. A onda. Quando chegava a onda essa veiazinha era cercada da foz até onde, por semelhantes curiosos a conhecerem as novas pessoinhas.
Lembro-me que saiam das bolsas e eram direcionadas, por instinto ou destino, ao colo de um outro alguém da margenzinha, e este, passava a chamá-lo de cria minha.
E era cria sua, desde então.
Sou incapaz de lembrar-me o que causava as ondas, mas ainda é marcante a maneira como causava curiosidade entre eles. Parece-me que as ondas eram feitas por um velho barbudo, tão grande e tão velho. Eram suas lágrimas. Pouco sei sobre suas causas, bem na verdade, ninguém sabe. Bem na verdade, nem você se lembra.