Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

segunda-feira, maio 24, 2004

In-formação

Ao longo dos últimos anos, houve uma revolução no modo de captar e compreender os valores morais, seguida de mudanças profundas na maneira de agir e de pensar de muitas pessoas. Quiçá foram evoluções independentes da espécie, mas certamente essa independência já se tornou incapaz de romper as algemas presas aos menios de comunicação.
Rádio, jornal, revista ou televisão, hoje em dia qualquer broto da imprensa tem por trás -como toda empresa- os cifrões representantes da nossa atual maneira de viver.
Saudades de um tempo remoto em que era comum a existência do televizinho, pessoa que desprovida de seu aparelho televisor, unia-se à outra família para buscar um divertimento. Coincidentemente, a era do televizinho era a mesma da inocência da TV, uma vez que seus espectadores admiravam os truques luminosos, como que num show de mágica, e, portanto, era apenas uma busca pela fantasia, pelo encantamento. A TV era uma pequena parte da sua vida, hoje, sua vida está enGLOBOada na caixinha de Pandora.
O original Big Brother, de George Orwell, tinha como foco a asfixia causada por uma vida com pouca privacidade; entretanto, com as incontáveis mudanças e revoluções, presencia-se o mesmo título em manchetes garrafais, mas com um conteúdo absolutamente invertido: não importa quem seja, o que faça ou saiba, se anunciado, a sua vida real ganha virtualidade tamanha que chega a ser confundida com sucesso.
Conseqüentemente, ainda que insistam em chamar de evolução tecnológica, os resultados dessa massificação e pasteurização de conhecimentos vêm sendo os mais desastrosos, como a falta de compreensão na leitura, um vocabulário paupérrimo e um senso crítico cabível apenas àqueles que têm acesso aos meios imparciais da imprensa brasileira.
Em suma, é preciso ampliar a divulgação dos veículos que ainda têm um conteúdo cabíel e contrutivo às gerações seguintes, e, de certa forma, através do próprio povo, censurar esse fast food que vem causando indigestão, mas vício e comodidade; caso contrário, será, assim como o tempo saudável dos televizinhos, dos comícios e do carnaval de rua; uma página virada da história humana, a época em que a formação cedia espaço à informação.