Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quinta-feira, dezembro 26, 2002

I've forgotten that I'm a worthless person.
I've forgotten that I'm a worthless person.



Morreu em mim qualquer prosa que justificava os meus escorregões: sou nada mesmo.
Deixei-a pendurada até escorrer a última gota de sangue, até dissecar, até esgotar qualquer linha boa, ou pelo menos a gostosa ilusão de serventia. Eu não escrevo mais.
Vomitei o resto não digerido aqui e assumi os meus erros constantes e impertinentes. Engula-os. Defequem-os. Lavem as mãos e arranquem daqui o resto das entranhas mal formadas de uma escritora.
Não sou boa o suficiente para fazer nada de meu apreço, numa forma boa e considerável. Tenho frustrações e sonhos impossíveis.
O mediano grita tanto em meus ouvidos que meu corpo chega a ser estagnado de qualquer atitude, e minha cabeça simplesmente derrama apelos para ser capaz: Eu travo.
Apodrece aqui dentro de mim, os restos do meu sonho e que ainda assim, eu insisto na falsa esperança e na maldita respiração boca a boca.
Lábios. Beije-me com essa sua língua maldosa e carregada de frases politicamente corretas, sacie essa minha sede de ser alguma coisa com a sua saliva digna e perfeita.
Julgue-me. Sou eu o que você quer. A sua boneca de pano mal costurada, velha e censurada. Sou permitida a alguns e não é você capaz de olhar nos meus olhos.
Sou nada, mas você insiste em me querer.
Sumam daqui os decepcionados. Vão embora. Me deixem respirar. O dia que for eu alguma coisa, informar-lhes-ei.
Abandonem-me, fiz eu mesma, num retalho mal cheiroso, a trouxa de vocês. Café frio e pão amanhecido. Rua!
Ela morreu e eu não preciso de nenhum de vocês aqui, vocês são simplesmente a lembrança estúpida qual me cobra diariamente e joga na minha cara a falta que ela faz...Morreu sem direito a velório e muito menos a enterro. Morreu deixando aqui uns rascunhos nojentos e um papel sujo cheirando a cigarro rabiscado em letra de forma: meu sonho. E nada mais.
A amarga e vagabunda escritora morreu de overdose, de câncer ou de aids se levar em conta a sua vida mundana.
E ninguém precisa me lembrar isso.
Essa sua saudade, ou dó, guarde à sua mediocridade e capacidade de olhar apenas ao seu umbigo. Seu Umbigo.
Vivas ao umbiguismo. Hoje hei de admití-lo, pois acordei na fome de ser aguma coisa. Eu e Eu.
Surrem e sussurem, entre si, a culpa integralmente minha por essa ignorância e fraqueza de não ser com esses poucos dezesseis, um dedo do que deveria.