Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

segunda-feira, dezembro 23, 2002

I'm sleeping in your arms.

Porque você diz tudo o que eu um dia disse e não sei mais pronunciar.
Porque você é aquela coisinha boa que faz meus olhos acompanharem e entrelaçarem pensamentos bons com uma única aspiração, de que não acabe.
De que nada do que eu sinto escondido, tapado e lacrado vá embora. Que eu não mande-te embora quando descobrir que te quero. Que sou quem quem te quer. Não vá.
Porque você foi um ar fresco naqueles meus dias insuportavelmente quentes e longos, porque foi nada mais que a vitória depois de uma longa e insana luta.
E me segura.
Por tão pouco eu pedi-te laços, nós e correntes em mim e em ti. Por tão pouco eu vi em você o que eu um diz quis extamanete pra mim.
Briga comigo.
Briga, me corrige, grita, explica, sussurra no meu ouvido.
Beija-me.
Entristece-me. Acaricia a sua pequenina visão do que é gostar, eu.
Conserva-nos e me arremeça ao que é vida.
Me mostra nessa sua forma simples, construtiva e determinada, a essência do que é sentir.
Apaga em mim o ódio aos nossos outros, às nossas semelhanças e a qualquer atitude minha humanizada. Apaga em mim pois eu apagarei em ti. Deleta, esquece.Não seremos nós a concordância ou o arremate das idéias de outrém.
Põe-nos numa bolha fina e impermeável. Quero viver em você o que não soube viver em mim, sem ninguém para corrigir e dizer-me o que é o certo. Quero eu ser o errado. Quero ser a insuportável dor de cabeça quando eles sem embriagam. Quero ser o vômito, o lixo, o clichê do proibido. Quero ser o cheiro de cigarro, o cheiro de suor dos burgueses francesamente perfumados. Quero ser eu com a mesma pureza, liberdade e falta de pudor que uma criança reclama.
Seja você o meu bicho de estimação eterno e preferido. Sou sua.
Essa expressão crua e apática minha há de ir embora e trazer de volta aquela minha metade perdida por aí, em algum canto desse mundo sangue-suga e desgraçado.
Quero sentir numa veia tudo isso que se passa por fora comigo. Prenda minha veia, amarre-a, sinta-a e injete numa dose integral tudo o que eu preciso para ser emocional.
Quero tirar a roupa. Tire-a peça por peça, deixa-me nua, quero caminhar desprendida de qualquer medo meu.
Porque você foi aquele colo antigo que eu procurava, num dia que eu não esperava.
Porque foi meu erro e meu aperfeiçoamento.
Porque é você aquela sensação causadora dos bons momentos que me fazem acreditar que as coisas podem mudar, sempre.
E aqui dentro também mora uma boba, meu anjo. Mais uma daquelas que riem das piadas mais imbecis, mais uma das que sentem prazer num champagne barato e num fundo musical de videokê.
Mais uma andante, sobrevivente e apaixonada.