sexta-feira, dezembro 20, 2002

A velha história da ironia funciona: Um desdentado, pobre e ignorante realmente é uma coisa que possa vir a divertir milhões de pessoas.
Estrondorosos e insuportáveis erros nos textos da personagem são os motivos primordiais que fez de um COTIDIANO BRASILEIRO, um sucesso, ou pior, um modelo.
Rede Globo e sua bruta capacidade de vender.
O livro do infeliz está vendendo muito. Um livro. Um livro com erros de sintaxe e de grafia vende muito porque é engraçado assistir ao sujeitinho errante do horário nobre da maior rede de televisão do Brasil.
Leva-se em conta o meu desprezo aos programas humorísticos, mas ressalto a minha revolta à sua capacidade de rir da própra desgraça.
Espelho. Vendem-se espelhos.
Brasil e a nossa emburrecedora televisão.
Começa a ironia nas primeiras referências ao mesmo: SEU CREYSSON.
Sim, sim. Todo uso e abuso do ''y'' e das fartas terminações de ''n'' em palavras brasileiras. Ocorrências estas, não taxadas por mim, nem por você mas que apontam o gosto de uma certa camada social.
A sua forma popular de se vestir e a sua forma popular de se comunicar.
Eu sei que você sabe que não somos nós apenas os pagadores por isso. O mundo todo é. O mundo todo assiste ao Seu Creysson, o personagem brasileiro.
Eu rio disso também. Rio da forma grosseira que nós mesmos implantamos na cabeça de qualquer pessoa estrangeira, a imagem da nossa convivência com os macacos, jacarés e elefantes pela rua. A imagem da nossa aversão a nós mesmos.
Engraçado mais ainda é a nossa revolta ao notarmos de qualquer desconhecido um certo surpreendimento à civilização daqui.
Perca o mundo Machado, Drummond, Caetano, ou Chico. Já foram apagados pela matriz.





Antes de ler qualquer comentário criticando a mim, eu quero esclarecer que o gosto é meu e a opinião é minha. Você tem o direito de discordar de mim, sempre.
Não me acho melhor que ninguém daí. Nao sou uma velha cri-cri, e não pretendo mudar sua cabeça.
Ultimamente os comentários vêm me obrigando a acrescentar esclarecimentos de rodapé.
Obrigada