Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

quinta-feira, novembro 21, 2002

Palavras de sessenta segundos. Preciso de palavras de sessenta segundos. Palavras de sessenta segundos para não ir alí arrancar a roupa e pular na piscina que eu vejo assim.
Rápidas e ligeiras.
Palavras para me prender por aqui e escrever de vez isso que me cutuca e põe a unha na carne mal cicatrizada e esbranquiçada arrancando pouco a pouco o começo de uma cura não resolvida.
Mexendo até escorrer sangue. Um sangue quente e árduo. Meu sangue é quente e árduo. E silencioso.
As que durem bastante na cabeça a ponto de resolver qualquer problema de verso mal escrito, de rima esquecida e de sentido desfigurado.
Coisinhas que me amarrem, que dêem nós nesses pulsos e nos tornozelos saltitantes, para se sentir só um pouquinho triste e ser capaz de escrever alguma coisa sem Drummonidades. Drummond está me causando sede. Ando sugando garapas versificadas.
Enjôo. Vomito e acabo engolindo tudo de novo.
Palavras de sessenta segundos que me convençam que o sol é péssimo e fazer coisa melhor que escrever é melhor que escrever.
Pontos, pontos diferentes de reticências. Esses que trazem suspiros. E sussurros. Peguem seus sacos, sacolas, saquem o quanto o saco me surraram.
Eu só preciso de um dedo de uma cabeça mais capaz que a minha para pôr em prática o que a minha anda fazendo.
Vou tomar um laxante. Aqueles de meia hora. Meia hora. Meia hora e poemas e contos e versos e mentiras virão entre linhas. Uma cabeça só.
Procura-se uma cabeça. Vamos leiloar a sua. Vamos decapitar-lhe. Cortar a minha fora e botar a sua no lugar, costurada a linha de pesca para não escapar do pescoço e dar passeios à Lua.
Sem sangue não dá. Que sangre! Deixa escorrer e assim quando tudo acabar, o gosto da prontidão será melhor que o da rapidez.
Não preciso da pressa. Vão se os meses! Vão! Vãos meses sem nada certo e decente escrito.
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E sussurram assim me provocando. Calma e friamente o modo de me torturarem nas folhas amassadas... Malditas idéias bem-vindas. Eu faço agora é errar. Errar e rabiscar e apagar. E jogar tudo fora. Esses poemas ridículos, essas cartas inofensivas e os contos péssimos que da mão ao lápis e à mão, sem perguntar à cabeça o que é que vale. Nada.
Palavras de sessenta segundos. Insights. Conclusões. Sim, sim, despedidas antecipadas sem décimo terceiro. Pressas suas de irem embora presas minhas. Voltem. Ando precisando-lhes.