Porque é aqui que há de nascer
e gerar frutos a minha e a sua eterna
ignorância. Aqui que há de encontrar a
vitalidade e o sustento máximo para a
sua loucura. Aqui vive, agoniza, mas não
morre o nosso egoísmo e a nossa faceta
que imprime necessidades.
Três vivas e saudações ao seu umbigo.

segunda-feira, junho 20, 2005


No papel de pão

A coisa toda se envaideceu, é isso.
Só pode ser isso.
E todo aquele papo de espelho brilhoso, de ego inflado, inchado, gorducho.
Cresceu e apareceu.
Apareceu, apareceu, mas apareceu tanto que eu já voltei me redimindo e remendando saudades.
Ah minha insana melancolia.
É o cheiro do guardado que mais me anseia e desespera. O frio da insônia no quarto aquecido e da fome de geladeira calórica.
É o reclamar de barriga cheia que me arranca arrepios e me faz medir a idade que vôou, pousou e começou a escorrer dentro de uma mão egoísta de segundos.
Porque é preciso sentir-se nada para voltar-se ao tudo. É preciso inchar as pálpebras para cansar os lábios de tanto sorrir.
Ai. Meu deus.
Não é que ando reclamando da tua ausência, não.
Nem a tua ausência eu me lembro de sentir. E se for pra ser bem sincera eu não sei mais quantos palmos meus cabiam no teu rosto.
Doída mesmo é a parte do: oh metade adorada de mim, leva o vulto teu que a saudade é o pior castigo e eu não quero levar comigo a mortalha do amor, adeus
E é exatamente um sofá, um piso frio, um chá frio, um cigarro velho e um CD riscado.
Só isso. Nada de tão grave, não.
Só isso e o cheiro de tudo guardado. Tudo tão guardado e embrulhado que quem me por no colo pra ninar vai ter de me ouvir soluçar e soluçar e soluçar...